31 julho 2013

Cartas ao meu pai

Estávamos 5 e agora estamos 4 e um está algures a 8 mil quilómetros de distância de nós.
Sabemos o nome do sitio onde está e sabemos também que é longe, muito longe, tão longe que tem de ir de avião para lá e não pode vir visitar-nos quando quer.
O coração é um mas está dividido ao meio - metade ficou dentro de cada um de nós e a outra metade foi para algures a 8 mil quilómetros de distância daqui.
As saudades, essas, multiplicam-se como uma doença viral, sem qualquer medicamento que acabe com elas.
Continuamos a crescer, a viver experiências e a descobrir o mundo, mas um de nós não está aqui para o ver em primeira mão.
Falam-nos em sacrifícios que é necessário fazer para que possamos ter uma vida melhor.
Dizem-nos que em breve os 5 voltarão a estar juntos novamente e que as saudades serão apaziguadas e, quem sabe, esquecidas.
Ansiamos pelo reencontro e esperamos que todo o tempo que tenhamos juntos seja celebrado com muita alegria, muitos abraços, muito colinho, muitos mimos, muitos "adoro-te papá".
Pois o reencontro será breve e sem que nos apercebamos, 8 mil quilómetros se instalarão novamente entre os 4 e o um.
Somos demasiado pequenos para perceber a total amplitude da escolha dos adultos. Mas somos crescidos o suficiente para sentir o peso das suas escolhas.
Esperamos que no fim, tudo tenha valido a pena. Os 5 estão incompletos, com os 4 aqui e o um algures a 8 mil quilómetros de distância.
Começamos a antecipar o reencontro: adoramos-te papá! Muito!