08 agosto 2013

Coração elástico e devidamente compartimentado

Tenho muitas saudades do meu papá. Imensas. Tantas que até dói. E nada posso fazer para as apaziguar, só aquele abraço que lhe der quando o reencontrar pode fazer milagres. No entanto, embora a ausência física do meu papá tenha instalado no meu coração uma grande tristeza, simultaneamente, ajudou-me a tomar consciência de que adoro a minha família. Muito. E que podemos gostar das pessoas e das coisas com intensidades diferentes! Por exemplo, eu gosto muito do meu papá e da série "Winx Club", que passa no Canal Panda, ao nível "do tamanho do mundo inteiro"; já da minha mamã, irmãos e da série "My Little Pony" é no nível "gosto muito, exceto quando a minha mamã me coloca de castigo e a minha irmã não brinca comigo".
 
No meu coração as angustias também estão hierarquizadas: para já sofro muito pela ausência do papá e por a data da sua vinda tardar a chegar. Mas já tenho uma caixinha guardada para a angustia que vou sentir quando, depois de tantos abraços e mimos, ele voltar a separar-se de mim. E a angustia de pensar que ele pode não estar comigo no Natal já se fez anunciar e portanto o meu coração já tem uma caixinha para ela também.
 
Vou crescendo e o meu coração vai crescendo comigo também, em tamanho e capacidade para armazenar sentimentos e emoções. Mas do alto dos meus 4 anos digo:  tudo no seu devido lugar e a seu devido tempo.

07 agosto 2013

Quando olhares para trás....

... já passou. 8 anos e três filhos depois, ainda não perceberam que todos os dias crescemos, aprendemos coisas novas e que, por mais que queiram vivenciar e saborear todos os segundos da nossa existência, a nossa vida corre mais depressa do que o vosso cérebro consegue absorver?!?
A intenção é boa, nós sabemos. Mas conseguir realizar essa tarefa diária é-vos humanamente impossível - aceitem isso. Pois se hoje uma aprendeu uma palavra complicada, a outra ontem amadureceu quando tomou consciência das suas limitações quanto ao manter-se sossegada numa sala de aula, ao mesmo tempo que, entre ontem e hoje, o pequeno aprende a gatinhar - quem sabe amanhã já gatinhará na perfeição.
Em 24 horas muita coisa acontece na nossa vida e não há fotografia, filmagem e memória que capte a plenitude do nosso crescimento. 
A frustração e o sentimento de "se calhar não estou a ser a melhor mãe/pai do mundo e a vida dos meus filhos está a passar-me ao lado" podem por vezes falar mais alto. Mas sosseguem: não queremos os melhores pais do mundo, queremos os melhores pais do mundo que temos: vocês! E sabem porque é que ocupam esse lugar no pódio? Simplesmente por pensarem e se preocuparem com o facto de, se calhar, não serem os melhores. Para nós são! E como, no fim, é a nossa opinião que conta....