30 janeiro 2016

Amendoins e Códigos

Créditos: www.movenoticias.com

Desde que chegamos a Luanda, um dos snacks pré-jantar preferidos dos papás é o amendoim com sal ou picante. Devoram uma taça deles enquanto bebericam qualquer coisa alcoólica e preparam o jantar. Por esta ordem.

Um destes dias apeteceu-me provar. Estava uma taça deles na mesa e a mamã e o papá iam tirando um a um e comendo com tanta satisfação que eu decidi tirar um para o meu prato para provar. Como era uma estreia para mim, a mamã logo incentivou-me "come lá P., é muito bom, vais gostar!" Eu olhei para aquela semente e achei-a tão esquisita. Lá peguei num amendoim... ia comê-lo... estava a abrir a boca... a mamã e o papá estavam a olhar para mim com olhar expectante... estava quase a metê-lo na boca... mas pousei-o no prato outra vez. Não é desta que vou provar amendoim.

Numa ultima tentativa de me convencer, embora pouco convincente (eu notei a derrota no seu tom de voz. É verdade mamã!), a mamã ainda disse "não sabes o que estás a perder P., é mesmo bom, prova lá". Mas nada. Ainda não está na altura de provar.

Eis que, em tom de desabafo, a mamã sai-se com esta: "Ai ai filho... quando provares isso e com cerveja, não vais querer outra coisa!"

Espera aí! Eu ouvi bem?! Incentivo ao consumo de álcool dirigido a uma criança de 3 anos?! Mas tu passaste-te?!

Nem sei o que pensar... Uma mãe a dizer ao filho pequenino para provar álcool. Ou é algum tipo de código que só os adultos percebem?

(sim filho, é um... "tipo de código"...)

29 janeiro 2016

Aviões e moscas!

Créditos: desciclopedia.org

Não compreendo o fascínio e motivo para tanta exaltação quando o meu irmão ouve um avião a passar no céu e quando vê uma mosca pousar no chão ou em outro lado próximo dele.

Quando ouve um avião vai logo a correr casa fora até ao pátio, para o ver a passar no céu. Alguns passam mesmo baixinho e o barulho é bastante forte, mas isso é razão para tanta euforia?! 

Ok, certo: moramos perto do aeroporto e por isso passam no mínimo dois aviões por dia por cima de nossa casa. 
Ok, certo: porque estamos em Angola, porque estamos em Luanda, vemos passar aviões de carga, de passageiros, helicópteros do exército e helicópteros de patrulha.
Ok, certo: é algo novo e divertido.

Mas ao fim de 4 meses cá e muitos aviões e helicópteros depois, é como se ele ouvisse e visse pela primeira vez... não compreendo mesmo. 

E as moscas? Corre logo atrás da mamã sempre que vê uma próxima de si. E fica a olhar para ela. Portanto não tem medo, apenas curiosidade. Estranho...

Ok, certo, tenho de aceitar: são lá coisas dele...

28 janeiro 2016

Blá Blá Blá

Falar na terceira pessoa. Quando somos pequeninos tem piada. E é uma forma de percebermos qual é o nosso nome e o nome de quem nos rodeia. "P., a mamã vai agora dar-te a comidinha, está bem?"; "A mamã não quer que faças isso, P.!"; "A mana vai ajudar-te a subir as escadas."; "O P. é um menino tão lindo!"; "A M. vai buscar um copo de água para o P., está bem?".

Mas agora, comigo a caminho dos 4 anos, sinceramente é uma valente confusão! Porque a mamã já não fala de si para mim na terceira pessoa - só às vezes, porque se esquece e volta ao velho hábito. 

Corrigem-me, mas ainda falo em mim na terceira pessoa (por favor! dêem-me um desconto, foram muitos anos a ouvir toda a gente a falar assim), ao mesmo tempo que ouço a mamã e as manas a fazer exactamente o mesmo. 

Sou chamado à atenção, as manas são chamadas à atenção. Só a mãe é que não é chamada à atenção. Porquê?! Hã, ok... porque é a mãe...

(mania de ser superior...)

13 janeiro 2016

Tortura, é o que é


Mandem-me para a escola. Já! Quanta mais falta de hora para acordar e brincadeira na piscina temos de aguentar?!? Tortura, tortura é o que é. 

Pais, vocês são mesmo maus...

06 janeiro 2016

Masterchef RIMAPE

Tosta à bolonhesa à moda da R.

Esqueçam os australianos, os americanos, os portugueses e os juniores. Cá em casa temos um programa Masterchef, versão RIMAPE, em directo, praticamente todos os dias! 

É que eu adoro ver programas de culinária e sonhar que um dia vou confeccionar aqueles pratos maravilhosos dignos de estrelas Michelin!

Enquanto esses sonhos não se concretizam, vou fazendo experiências e servindo-as no restaurante cá de casa e aos clientes perfeitos: a minha família!

E como os gostos de um, as opiniões sobre as minhas primeiras aventuras culinárias são igualmente diversas: a mamã apoia mas monitoriza, o papá apoia mas não consegue esconder o olhar assustado quando coloco a comida no seu prato, a mana apoia e quer ajudar-me a todo o custo, tornando-se uma verdadeira melga e o maninho está-se nas tintas para quem cozinhou o quê, apenas quer comer porque está com fome e de imediato.

Algumas vezes as experiências correm mal. Mas outras vezes correm muito, muito bem! Acreditem, as tostas à bolonhesa estavam de se comer e chorar por mais!

01 janeiro 2016

Somos mesmo uns bebés!

Somos mesmo uns medricas! Somos mesmo crianças da cidade. Somos mesmo europeus!

Pânico, gritos e terror por causa de uma baratinha inofensiva?!?!, Que por acaso só tem praí uns 20cm de comprimento?!? Em África?!?!?
(pronto, ok, estamos a exagerar. A ultima que vimos no quarto da mana mais nova só tinha uns 6 cm...)

Mas, quer dizer... falando a sério... tanto alvoroço só por causa de um bicharoco destes que por estes lados há aos montes? Aos milhares...?
(Ai minha nossa, aos milhares...)

Se calhar não havia necessidade. Se calhar somos mesmo uns "vidrinhos de cheiro". Qualquer criança que desde sempre viveu em Angola irá olhar para nós e exclamar: "Puff! Não sejam bebés chorões! É só uma barata! Qual é o drama?"

(não... não há drama nenhum... e não queremos ser bebés chorões... mas estávamos habituados a viver em apartamentos, e cidades grandes, e sem pátios, e sem árvores no jardim, e sem calor sufocante mesmo quando chove, e... e... e... SEM BARATAS E SAPOS E GAFANHOTOS E MOSCAS E MOSQUITOS E LAGARTIXAS À ESPERA DE INVADIREM O NOSSO QUARTO E NOS PREGAREM SUSTOS DE MORTE!!!!!)

Não há drama. Nenhum...
(medo... muito medo...)