22 dezembro 2015

Não, não vais!

A mamã conduziu pela primeira vez em Angola há alguns dias atrás, tendo como co-piloto o papá.
Sei que ela estava muito nervosa e cheia de medo de ter algum acidente ou de cometer erros grosseiros na estrada. Sei disso porque ela disse-o, a alto e bom som várias vezes no carro, para justificar os pedidos de diminuição do barulho das nossas brincadeiras e quezílias habituais no banco de trás.
(tarefa impossível de realizar, já devias saber disso, mamã. Duas crianças e uma pré-adolescente, sentados num espaço minúsculo de um banco automóvel traseiro, sem nada para fazer senão olhar para a janela... é receita para conflitos parvos e brincadeiras estúpidas. E barulhentas.)

Mas adiante: nessa primeira condução da mamã em terra angolana correu tudo bem, com o papá a sinalizar minuciosamente os buraquinhos, buracos e crateras a evitar passar a roda por cima e com a mamã finalmente a conseguir entender-se com a caixa de velocidades do carro, ao fim da vigésima tentativa de carregar no inexistente pedal da embraiagem (o carro tem mudanças automáticas mamã!!!!).

Entretanto o papá viajou para Portugal durante 4 dias. No dia anterior ao regresso do papá a Angola, a mamã sai-se com esta: "Meninos, que tal irmos os 4 dar uma voltinha de carro? Acho que fixei o caminho de ida para o shopping mais próximo."

Espera aí! O caminho de ida? Então e o de volta, também fixaste?!? 
Achas que sim?!? 
Mas não tens a certeza?!?! 

Espera aí! Estás a sugerir metermo-nos num carro, cuja caixa de mudanças só à pouco tempo passaste a dominar, para irmos por uma estrada que só experimentaste uma vez?!?

E sem teres a certeza de qual o caminho de volta?!?!

E num país onde conduzir é um acto de fé...? 

Eu posso ter só 11 anos, não saber o que é conduzir, e entender que gostavas de nos levar a passear para não estarmos sempre enfiados em casa... mas não! 

Não, não vais! Não vais conduzir!!!

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