Madrugada bem carregada. Pontapés nas pernas do papá, cotovelos na cara da mamã, cobertores teimosamente pisados para ficarem por baixo das minhas pernas e logo a seguir um braço adulto também teimosamente a colocá-los por cima do meu corpinho. Foi esta a minha noite de sono. Não faz mal, estou na caminha dos meus papás, tão confortável (apesar do sono remexido), que nem me dou conta que sou a única dos três a efectivamente dormir alguma coisa de jeito. Não percebi o que os papás disseram de manhã, quando acordaram... perguntaram, um ao outro, se me tinham trazido para a cama deles. Não, eu é que, à socapa, me meti na vossa caminha, bem de madrugada... Se vos acordasse e pedisse autorização, não a tinha, por isso optei pela decisão lógica, não é? Óbvio!
O que já não é tão óbvio é que esta minha matreirice continue por mais algum tempo... os olhos esbugalhados dos papás esta manhã indiciavam, para além da noite recheada de pontapés e cotoveladas que não os deixaram dormir decentemente, que logo à noite vou receber sermão... ai ai... foi bom enquanto durou...
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